21.11.10

Salão Liberdade (1910 - 1920)


Gravura do Antigo Teatro Variedades, sucessor do Salão Liberdade


(Gravura retirada do Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa)


A enorme afluência de público às sessões do Salão Ideal, levou o seu proprietário Júlio Costa a tomar a decisão de inaugurar uma nova sala mais ampla e com condições para acolher um maior número de público, e onde pudesse exibir a grande quantidade de filmes que comprara no estrangeiro, visto que o Salão Ideal começava a mostrar-se manifestamente insuficiente para dar vasão a todo o acervo. Assim sendo em 1910 Júlio Costa adquiriu através de arrendamento um recinto com o nome "Music-Hall do Jesué" que devia o nome ao seu proprietário. Loalizava-se em plena Praça dos Restauradores muito próximo do local onde seria construído o Éden Teatro. Após terem sido levadas a cabo algumas obras de beneficiação e modernização do recinto por forma a ser adaptado a sala de cinema, foi inaugurado o novo Salão Liberdade, nome que fazia referência à proximidade à avenida com o mesmo nome. Era um recinto muito maior do que a maioria das salas existentes na época, podendo acomodar mais de 1000 espectadores. A excelente localização e a grandeza e qualidade da sala proporcionaram a Júlio Costa enormes dividendos e um sucesso considerável. Todavia anos mais tarde Júlio Costa foi assediado por Lino Ferreira, que na época era um dos principais homens ligados ao Teatro, e Nandim de Carvalho, o empresário dono do Salão Trindade no Bairro Alto, com o intuíto de o convencerem a suspender a exploração cinematógráfica no Salão Liberdade e converter o recinto em Teatro. Assim sucederia e o Salão Liberdade passaria a chamar-se Teatro Variedades, tendo como principal cartaz o teatro de revista. O teatro passou a ser gerido pela firma Costa, Ferreira e Nandim, Lda. Nos primeiros tempos vários foram os êxitos que por lá passaram, mas apesar disso a administração da empresa foi ruinosa levando ao encerramento do teatro tendo sido o prejuízo inteiramente suportado por Júlio Costa. Crê-se que, algum tempo mais tarde Júlio Costa viria a saber que tudo fora intencionalmente levado a cabo por Nandim de Carvalho com ajuda exterior de Carlos Stella, outra figura ligada à exploração cinematográfica. Não sabemos ao certo até que ponto isto foi averiguado; não obstante, era claro que ambos viam a Empresa Ideal, entidade distribuidora gerida por Júlio Costa, como um concorrente de peso que era necessário afastar. Com o fim do Salão Liberdade e a falência da empresa não só seria menos um cinema a fazer concorrência ao Salão da Trindade que era explorado por Nandim de Carvalho, como Carlos Stella veria a sua distribuição de filmes menos ameaçada. Anos mais tarde quando surgiu o Parque Mayer, um dos teatros do recinto foi baptizado com o nome de Teatro Variedades em homenagem ao antigo teatro de Júlio Costa, responsável pelo sucesso crescente do teatro de revista.

Localização: Praça dos Restauradores

2.11.10

Rossio Palace (1910 - 1914)


Palácio Regaleira, onde se situava o Cinema Rossio Palace

Em 1910, pouco antes da implantação da República abria ao público o cinema Rossio Palace. Situava-se no 2º andar do Palácio Regaleira no Largo de São Domingos em frente à igreja com o mesmo nome a dois passos do Rossio. O Palácio deve o nome ao seu proprietário, o Conde de Regaleira e na época para além do cinema no 2º piso nele se localizava também um Centro Repúblicano que ocupava o 1º piso. Apesar da localização bastante central o Rossio Palace esteve aberto ao público apenas durante 4 anos. Como sucedeu com outras salas de pequenas dimensões suas contemporâneas, era frequente após o final das sessões nocturnas e já a adiantadas horas da noite a exibição de filmes pornográficos. Apesar do cinema já não existir o palácio ainda lá está para quem o quiser apreciar, em excelente estado de conservação com uma fachada bastante cuidada.

Localização: Largo de São Domingos nº 15