31.12.10

Animatographo de Alcântara (1909 - 1922)


Fachada do Animatographo de Alcântara

Interior do Animatographo de Alcântara

(Fotografias retiradas do Arquivo Municipal de Lisboa)


Inaugurado em 1909, com o nome de Grande Animatographo de Alcântara foi nos primórdios do cinema em Portugal uma das principais salas não só de Lisboa como do país. Era um dos mais vastos recintos da época embora tivesse instalações bastante modestas. Em 1914 ao mudar de proprietário muda também de nome passando a denominar-se simplesmente Animatographo de Alcântara. Na noite de 8 de Julho de 1918 um curto circuito deu origem a um violento incêndio que destruiu por completo o recinto. O publicista Ludgero Viana que era na época o empresário responsável pela exploração da sala não tinha nada coberto por seguros o que lhe valeu um prejuízo considerável. No entanto a propriedade propriamente dita, que abrangia o terreno e o imóvel, pertencia ao industrial J. Lino e essa estava coberta por um seguro. No final do ano foram iniciadas as obras de reconstrução que foram executadas em tempo recorde permitindo a reabertura ao público em Janeiro de 1919. O Animatographo de Alcântara continuou a sua actividade até 1922, ano em que encerrou em definitivo.

Localização: Av. 24 de Julho nº 174

Cine-Teatro do Rato (1896 - 1907)


Fachada do Antigo Cine-Teatro do Rato

Acesso ao Pátio onde se localizava o Cine-Teatro do Rato

(Fotografias retiradas do Arquivo fotográfico municipal de Lisboa)

Nos primeiros anos de implementação do animatógrafo em Portugal, vários foram os Teatros que aderiram à nova moda. Entre eles encontrava-se o Teatro do Rato cuja existência remonta ao século XIX, mais precisamente a 1880, data da sua inauguração. Este recinto de espectáculos que se localizava num pátio cujo acesso era feito através de um arco situado no Largo do Rato e que ainda hoje existe, funcionou inicialmente como Cabaret e Music-Hall, sendo no início do Século XX convertido em teatro. Em 1900 começaram as projecções cinematográficas no que passou a ser designado como Cine-Teatro do Rato. Ao contrário do que sucedeu noutros teatros, o cinema não obteve o mesmo sucesso o que levou a que apenas um ano depois as peças de teatro tomassem de novo conta daquela sala. Anos mais tarde o próprio teatro acabaria por encerrar. Em 1907 foi consumido por um incêndio. Quem se deslocar hoje ao local entrando pelo Largo do Rato, passando através do arco que dá acesso ao pátio, à sua esquerda pode encontrar o local onde se entrava para o Teatro através de umas portas onduladas.

Localização: Largo do Rato

Gil Vicente (1926 - 1930)


Local onde existiu o Cinema Gil Vicente


O Cinema Gil Vicente foi inaugurado em 1926, numa época em que as salas de cinema proliferavam no bairro da Graça. Era uma sala de pequenas dimensões localizada no 1º andar de um prédio na Rua da Voz do Operário. Curiosamente nunca funcionou como teatro apesar de ter sido baptizado com o nome do principal responsável pela implementação do teatro em Portugal. Sobreviveu poucos anos devido à concorrência de outras salas de maior dimensão e com melhores condições existentes na área. Encerrou no início dos anos 30 sem deixar grandes recordações.

Localização: Rua da Voz do Operário nº 62

26.12.10

Salão Recreio da Graça (1917 - 1936)


Local onde se encontrava instalado o Salão Recreio da Graça


De todos os bairros de Lisboa, a Graça foi um dos que mais salas de cinema teve ao longo dos tempos, infelizmente hoje em dia só o Salão da Voz do Operário recebe ocasionalmente ciclos de cinema, tendo todas as restantes salas encerrado a sua actividade. Uma dessas salas foi o Salão Recreio da Graça que abriu ao público em 1917. Embora fosse uma sala simples mantinha sempre um aspecto limpo e cuidado. Apesar da comodidade oferecida pela sala, em 1918 o número de público começou a reduzir drasticamente e a empresa responsável pela sua exploração viu-se obrigada a tentar dividir o cartaz entre as sessões de cinema e de teatro para tentar recuperar alguma assistência. No entanto os esforços para manter o Salão Recreio da Graça aberto não surtiram efeito; apenas alguns meses após o seu encerramento o recinto seria adquirido por outra empresa que levaria a cabo melhorias significativas e tornaria o seu interior mais requintado. Assim, a 1 de Março de 1919 reabria o Salão Recreio com o seu novo interior. O investimento feito iria revelar-se compensador passando o recinto a receber uma clientela muito mais assídua e em maior número. O Salão Recreio da Graça iria ainda prolongar a sua actividade até aos anos 30.

Localização: Rua da Voz do Operário

Salão das Trinas (1919 - 1942)


Local onde existiu o Salão das Trinas


Nas primeiras décadas do século XX a enorme popularidade do cinema levou ao aparecimento nos bairros típicos lisboetas de diversas salas de cinema de pequena dimensão. O bairro da Madragoa não foi excepção e também ali iria surgir uma pequena sala de cinema. O Salão das Trinas que devia o seu nome à rua onde se localizava, veio ocupar o espaço onde desde há algum tempo funcionava uma modesta sala de teatro. Após terem sido concluídas as obras de modernização e adaptação da antiga sala de teatro a exibições cinematográficas, em Dezembro de 1919 era inaugurado o Salão das Trinas. No entanto, tal como havia sucedido com a exploração teatral daquele recinto, também a exploração cinematográfica teve uma curta duração. Muito esporadicamente o espaço seria utilizado para exibição de filmes, mas a partir dos anos 40 deixaria de se ouvir falar do Salão das Trinas, desta feita em definitivo, não restando actualmente qualquer vestígio físico da sua existência.

Localização: Rua das Trinas

Cine-Teatro Moderno (1910 - 1918)


Fachada do Cine-Teatro Moderno


(Fotografia retirada do Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa)


Na segunda década do século XX foram vários os teatros de bairro que durante alguns anos optaram por passar à exibição cinematográfica. O Teatro Moderno foi um deles, passando a ter a designação de Cine-Teatro. Situava-se no bairro dos Anjos e foi uma bonita e ampla sala de espectáculos preparada para receber todo o tipo de eventos, desde peças de teatro, exibições de filmes, espectáculos musicais e circo. O Teatro Moderno foi construído por iniciativa do antigo actor Santos Júnior tendo sido inaugurado a 12 de Dezembro de 1907. A partir de 1910 o Teatro Moderno iniciou a sua actividade cinematográfica, que se iria prolongar até perto do final da década. No início de 1918 o Teatro Moderno tinha a sua actividade practicamente parada, sendo então vendido e posteriormente demolido nesse mesmo ano. Curiosamente algum do espólio foi comprado por um ferro velho sendo o pano de boca, que era considerado à época um dos mais belos e artísticos, comprado nesse mesmo ferro velho por uma empresa teatral que o colocaria no seu recinto de espectáculos.

Localização: Rua Álvaro Coutinho

21.11.10

Salão Liberdade (1910 - 1920)


Gravura do Antigo Teatro Variedades, sucessor do Salão Liberdade


(Gravura retirada do Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa)


A enorme afluência de público às sessões do Salão Ideal, levou o seu proprietário Júlio Costa a tomar a decisão de inaugurar uma nova sala mais ampla e com condições para acolher um maior número de público, e onde pudesse exibir a grande quantidade de filmes que comprara no estrangeiro, visto que o Salão Ideal começava a mostrar-se manifestamente insuficiente para dar vasão a todo o acervo. Assim sendo em 1910 Júlio Costa adquiriu através de arrendamento um recinto com o nome "Music-Hall do Jesué" que devia o nome ao seu proprietário. Loalizava-se em plena Praça dos Restauradores muito próximo do local onde seria construído o Éden Teatro. Após terem sido levadas a cabo algumas obras de beneficiação e modernização do recinto por forma a ser adaptado a sala de cinema, foi inaugurado o novo Salão Liberdade, nome que fazia referência à proximidade à avenida com o mesmo nome. Era um recinto muito maior do que a maioria das salas existentes na época, podendo acomodar mais de 1000 espectadores. A excelente localização e a grandeza e qualidade da sala proporcionaram a Júlio Costa enormes dividendos e um sucesso considerável. Todavia anos mais tarde Júlio Costa foi assediado por Lino Ferreira, que na época era um dos principais homens ligados ao Teatro, e Nandim de Carvalho, o empresário dono do Salão Trindade no Bairro Alto, com o intuíto de o convencerem a suspender a exploração cinematógráfica no Salão Liberdade e converter o recinto em Teatro. Assim sucederia e o Salão Liberdade passaria a chamar-se Teatro Variedades, tendo como principal cartaz o teatro de revista. O teatro passou a ser gerido pela firma Costa, Ferreira e Nandim, Lda. Nos primeiros tempos vários foram os êxitos que por lá passaram, mas apesar disso a administração da empresa foi ruinosa levando ao encerramento do teatro tendo sido o prejuízo inteiramente suportado por Júlio Costa. Crê-se que, algum tempo mais tarde Júlio Costa viria a saber que tudo fora intencionalmente levado a cabo por Nandim de Carvalho com ajuda exterior de Carlos Stella, outra figura ligada à exploração cinematográfica. Não sabemos ao certo até que ponto isto foi averiguado; não obstante, era claro que ambos viam a Empresa Ideal, entidade distribuidora gerida por Júlio Costa, como um concorrente de peso que era necessário afastar. Com o fim do Salão Liberdade e a falência da empresa não só seria menos um cinema a fazer concorrência ao Salão da Trindade que era explorado por Nandim de Carvalho, como Carlos Stella veria a sua distribuição de filmes menos ameaçada. Anos mais tarde quando surgiu o Parque Mayer, um dos teatros do recinto foi baptizado com o nome de Teatro Variedades em homenagem ao antigo teatro de Júlio Costa, responsável pelo sucesso crescente do teatro de revista.

Localização: Praça dos Restauradores

2.11.10

Rossio Palace (1910 - 1914)


Palácio Regaleira, onde se situava o Cinema Rossio Palace

Em 1910, pouco antes da implantação da República abria ao público o cinema Rossio Palace. Situava-se no 2º andar do Palácio Regaleira no Largo de São Domingos em frente à igreja com o mesmo nome a dois passos do Rossio. O Palácio deve o nome ao seu proprietário, o Conde de Regaleira e na época para além do cinema no 2º piso nele se localizava também um Centro Repúblicano que ocupava o 1º piso. Apesar da localização bastante central o Rossio Palace esteve aberto ao público apenas durante 4 anos. Como sucedeu com outras salas de pequenas dimensões suas contemporâneas, era frequente após o final das sessões nocturnas e já a adiantadas horas da noite a exibição de filmes pornográficos. Apesar do cinema já não existir o palácio ainda lá está para quem o quiser apreciar, em excelente estado de conservação com uma fachada bastante cuidada.

Localização: Largo de São Domingos nº 15

31.10.10

Salon Rouge (1908 - 1926)


Local onde existiu o Salon Rouge

Na primeira década do séc. XX o sucesso das exibições cinematográficas era tanto que em Lisboa surgiram inúmeras salas espalhadas pelo centro da cidade. O Salon Rouge foi uma delas. O nome pomposo em francês não correspondia de todo ao aspecto da sala que era apenas um salão improvisado sem grandes preocupações de conforto ou requinte. Situado entre o Bairro Alto e o Príncipe Real, conseguiu manter as portas abertas durante quase duas décadas. O seu sucesso deveu-se sobretudo ao facto de para além das sessões normais ter sessões para adultos a partir da meia noite com películas demasiado chocantes para a época. Interessante era o facto de nos programas ser mencionado o seguinte: "Para os males provenientes deste espectáculo há alívio seguro nas casas de caridade próximas"(1). Depois de encerrar foi convertido em garagem assim permanecendo durante várias décadas. Actualmente é uma dependência bancária.

(1) RIBEIRO, M. Felix - 'Os mais antigos cinemas de Lisboa. 1896-1939'. Lisboa: Instituto Português de Cinema; Cinemateca Nacional: 1978, p. 87.

Localização: Rua D. Pedro V nº 105

27.10.10

Salão Chiado (1907 - 1908)


Armazéns do Chiado, local onde existiu o Salão Chiado


No início de 1907 Raul Lopes Freire, filho de um respeitado comerciante lisboeta decidiu investir na sua grande paixão abrindo um animatógrafo. Nascia assim o Salão Chiado, sala que devia o seu nome ao bairro onde se localizava e também ao facto de se encontrar dentro dos próprios Armazéns do Chiado. Era uma sala modesta de pequena lotação mas com uma boa afluência de público que lhe permitiu manter-se sempre numa situação económica estável. Entusiasmado com o sucesso do Salão Chiado, Raul Lopes Freire, decidiu investir na aquisição de uma sala mais ampla e com outro tipo de comodidades. Desta forma seria inaugurado em 1908 o Salão Central. Apesar da abertura da nova sala nos Restauradores, a pequena sala do Chiado continuou aberta à sua clientela habitual sempre com boas performances de bilheteira. Todavia no final de 1908 o seu criador decidiu pôr fim ao curto mas brilhante percurso do Salão Chiado para se dedicar exclusivamente à exploração mais rentável do novo Salão Central.

Localização: Rua Nova do Almada

24.10.10

Salão São Carlos (1907 - 1910)


Local onde existiu o Salão São Carlos

Nos começos de Maio de 1907 abriu portas mais uma sala de cinema no chiado. O Salão São Carlos devia o seu nome à proximidade com o famoso teatro lisboeta. Era à sua época uma bela sala com todas as comodidades e condições de segurança. Possuía várias salas de espera e uma ampla sala de buffet. Os seus proprietários não olharam a despesas e adquiriram o material de projecção mais moderno que existia na época. Durante ano e meio gozou de grande popularidade mas a abertura de novas salas mais amplas e modernas acabaria por ditar o seu encerramento. No seu local esteve durante muitos anos a casa de chá "A Caravela", que viria também a encerrar no início dos anos 90.

Localização: Rua Paiva de Andrade nº 2

20.10.10

Cine-Teatro Joaquim de Almeida (1925 - 1939)


Fotografia do Cine-Teatro no início do Séc. XX

(Fotografia retirada do livro "Os Mais Antigos Cinemas de Lisboa")

O Cine-Teatro Joaquim de Almeida foi construído graças ao esforço de dois conhecidos actores de teatro dos anos 20: Francisco Judicibus e Casimiro Tristão; que conseguiram com a ajuda de três sócios capitalistas erguer uma excelente sala de espectáculos. Foi escolhido para nome de baptismo o do actor Joaquim de Almeida a quem os seus colegas quiseram prestar homenagem. Inaugurado em 1925, a sua exploração teve sempre sessões de cinema em conjunto com peças teatrais. Era um edifício com uma beleza sóbria tanto no interior como no exterior e com instalações cómodas. Ficava situado na esquina entre a Rua do Sol ao Rato e a Rua de São Bento, virado para a futura Av. Álvares Cabral ainda em início de construção. O terreno era alugado à câmara que ali permitiu a construção de uma sala de espectáculos. Apesar da localização relativamente afastada do que na altura era considerado o centro da cidade e onde se encontravam na época a maior parte das salas de espectáculos, gozou sempre de grande popularidade tanto a nível teatral (por lá passaram grandes nomes do teatro português), como nas sessões de cinema. Nos anos 30 em consequência do alargamento da Av. Álvares Cabral a C.M.L. reclamou os terrenos e posteriormente acabaria por demolir o imóvel alegando um interesse maior que seria o desenvolvimento urbanístico da zona, apesar dos pedidos insistentes por parte das pessoas ligadas às artes para que o mesmo fosse considerado imóvel de interesse público.


Localização: Rua de São Bento

5.10.10

Salão Avenida (1898 - 1901)


Local onde existiu o Salão Avenida

No início do século XX o capitalista Alexandre Mó era um dos homens mais respeitados da alta sociedade lisboeta. Muito desse êxito deveu-se ao facto de ter sido juntamente com Manuel da Costa Veiga o responsável pelo aparecimento da empresa que explorava as exibições de animatógrafo do Coliseu. Um desentendimento entre os dois sócios fez com que Alexandre Mó se separa-se da empresa que tinha ajudado a criar graças ao seu capital, investindo numa nova forma de espectáculo recém criada e que era inédita no nosso país. Decidiu arranjar uma sala exclusivamente para sessões cinematográficas, à qual daria o nome de Salão Avenida por se localizar na Av. da Liberdade, um pouco acima da Rua das Pretas. Tal como outras salas suas contemporâneas teve uma existência curta acabando por encerrar pouco mais de um ano depois de ser inaugurado. No seu local alguns anos mais tarde viria a instalar-se o depósito de Água das Lombardas, mais tarde a Aero-Portuguesa e posteriormente durante muitos anos o café avenida. Actualmente existe no local um edifício de escritórios recentemente inaugurado no qual foi feito o aproveitamento da fachada original.

Localização: Av. da Liberdade

31.8.10

Cinema Condes (1951 - 1996)


Fachada do Cinema Condes


Edifício do Cinema Condes na atualidade

Fachada do Hard Rock Café Lisboa, antigo Cinema Condes

Planta original da plateia

Planta original dos Balcões


(1ª Fotografia e Plantas retiradas do Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa e da Biblioteca Central Municipal de Lisboa)

No início dos anos 50 a Castelo Lopes Filmes, proprietária do Cinema Condes, decidiu dar um passo importante na modernização da sala. O antigo Condes inicialmente concebido como teatro já não se enquadrava nas necessidades dos espectadores de cinema, pelo que foi tomada a decisão de construir um novo Condes no lugar do edifício original. Em 1951 foi inaugurado o novo Cinema Condes, com um novo figurino totalmente diferente do seu antecessor. Destacava-se desde logo o grande ecrã panorâmico e as confortáveis cadeiras em estilo poltrona. Ao contrário da maior parte dos grandes cinemas da época a cortina ao invés de abrir de par em par, era composta por folhos dourados que subiam no início do filme. A sala era composta por plateia, 1º e 2º balcão, num total de 1000 lugares. Durante os anos 50, 60 e 70 gozou de grande popularidade, mas a perda de espectadores para as salas dos centros comerciais durante os anos 80, levou a que fossem realizadas algumas obras de restauro no início dos anos 90. Foram criadas novas zonas de bares, instalado ar-condicionado na sala, bem como inúmeras melhorias técnicas, tendo sido instalado um novo e mais moderno sistema de projecção e de som. O próprio edifício foi restaurado tanto no interior como no exterior. A lotação foi reduzida para 892 lugares com resultados ao nivel da visibilidade e conforto. Estas alterações tiveram o sucesso desejado chamando de volta muito público e durante a primeira metade dos anos 90 o Condes voltou a ter inúmeras sessões esgotadas. Com a crescente desertificação do centro da cidade o Cinema Condes acabaria por ver o seu destino traçado tal como os outros gigantes seus contemporâneos e fechou portas em 1996. Foram muitas as sessões e recordações que guardo daquele que foi o meu cinema preferido quando era miúdo e mais tarde na adolescência. Classificado como imóvel de interesse público, escapou à demolição e após vários anos de indecisão quanto ao seu destino acabou por ser convertido em 2003 no Hard Rock Café de Lisboa, e assim se mantém até aos nossos dias, tendo a fachada original sido preservada.

Localização: Av. da Liberdade nº 2

30.8.10

Benfica (1916 - 1991)


Fachada do Cine Clube de Benfica

Antigo edifício do Cine Clube de Benfica, hoje Junta de Freguesia de Benfica

Interior do Auditório Carlos Paredes, antigo Cine Clube de Benfica

Palco do Auditório

Plateia e Palco

Vista do interior do Auditório Carlos Paredes


(Primeira fotografia retirada do Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa)



Inaugurado em 1916, o Cine Clube de Benfica foi a primeira sala de cinema deste bairro lisboeta. Fazia parte dum complexo com várias instalações desportivas e lúdicas pertencentes ao Sport Lisboa e Benfica que nesse ano adquiriu o edifício neo-romântico na Av. Gomes Pereira e terrenos envolventes para aí instalar a sua sede e recintos desportivos. Nas traseiras esteve até 1926 o campo de futebol utilizado pelo clube até este se mudar para o campo das amoreiras. O Ringue de patinagem que ainda hoje existe, é o mais antigo do país e foi onde nasceu o Hóquei em Patins português estando a funcionar desde a sua inauguração em 1914. Actualmente no edifício encontra-se instalada a Junta de Freguesia de Benfica. Em 1992 a sala do Cine Clube de Benfica foi renovada e passou a designar-se Auditório Carlos Paredes, podendo acolher 17o espectadores. O Ringue também sofreu obras de remodelação sendo-lhe acrescentada uma cobertura em forma de pala sobre as bancadas. Aproveitando os terrenos da Quinta de Marrocos onde anteriormente se localizava o velho campo de futebol a junta viria também a construir uma piscina coberta.


Localização: Av. Gomes Pereira nº 17

Império (1952 - 1983)


Vista dos balcões

Vista do segundo balcão

Primeiro balcão

Vista da plateia

Vista geral do interior da sala

Cinema Império

Edifício do Cinema Império na actualidade

Planta original da Plateia

Planta original do 1º balcão

Planta original do 2º balcão

(Fotografias retiradas da coleção fotográfica da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian e plantas retiradas do Arquivo Municipal de Lisboa)

Inaugurado no dia 24 de Maio de 1952, o Cinema Império tornou-se de imediato num ícone da cidade de Lisboa pela sua imponente estrutura. Projectado pelo arquitecto Cassiano Branco, possui plateia, 1º e 2º balcão num total de 1676 lugares, mas o projeto inicial albergava 2326 espetadores o que fazia dele o maior cinema do país. Encaixou na perfeição dentro do grupo de gigantes que surgiu nos anos 50 sendo suplantado em lotação apenas pelo São Jorge e pelo Monumental após a sua lotação ter sido reduzida. Com uma localização previligiada no centro da Alameda D. Afonso Henriques na confluência com a Av. Almirante Reis, teve sempre muito público durante as décadas de 50 e 60, principalmente famílias e casais que aproveitavam para depois das sessões darem um passeio pela Alameda. No início dos anos 70 a abertura de várias salas e o consequente aumento da concorrência levaram a que fosse tomada a decisão de criar uma sala estúdio para assim aumentar a oferta e gerar maiores receitas. Em 29 de Outubro de 1964 surge uma sala Satélite que viria a ocupar o espaço onde anteriormente tinha sido planeado um restaurante, projeto esse que nunca foi concretizado. Esta sala viria a ter o nome de Estúdio e uma capacidade de 250 lugares e teve um sucesso enorme, tendo o investimento sido recuperado em apenas dois anos. O início dos anos 80 e a proliferação das salas nos centros comerciais trouxeram a crise às grandes salas e o Império acabaria por encerrar a sua exploração como sala de cinema a 31 de Dezembro de 1983, embora esporádicamente até ao início dos anos 90 fosse escohido como local para ante-estreias ou uma ou outra exibição relacionada com festivais de cinema. Foi posteriormente comprado pela IURD em 1992 que aí estabeleceu a sua sede e local de culto em Lisboa, e assim se mantém até aos nossos dias.

Localização: Alameda D. Afonso Henriques nº 35

29.8.10

Cine Paris (1915 - 1931)


Desenhos do projecto para a fachada do Cine Paris

Planta Original do Cine Paris

(Desenhos e Planta retirados do livro "Os Mais Antigos Cinemas de Lisboa")


O Cine Paris abriu as suas portas no início de 1915. Era inicialmente uma sala modesta sem grandes comodidades, mas sendo a única à disposição dos habitantes do bairro de Campo de Ourique foi aceite com grande sucesso. Tinha lotação para 561 espectadores. No final do verão de 1917 o Paris muda de dono passando a ser gerido por uma empresa da qual era sócio-gerente Vitor da Cunha Rosa, um dos mais importantes empresários cinematográficos portugueses. Sob a alçada da nova gerência o recinto sofreu alterações profundas no interior e no exterior proporcionando uma maior comodidade ao seu público. As alterações mais significativas foram a pintura interior a branco e ouro e a construção de um balcão. Em Janeiro de 1929 uma vistoria levada a cabo pela Inspecção dos Espectáculos em conjunto com os Bombeiros Municipais concluiu que devido à natureza da construção, toda ela em materiais altamente combustíveis aquela sala de espectáculos deveria ser encerrada imediatamente. A empresa gestora do Paris decidiu construir uma nova sala mais ampla e mais moderna cumprindo todas as normas de segurança impostas e que viria a localizar-se no bairro da Estrela, mantendo o mesmo nome. Enquanto o novo Paris era construído a velha sala de Campo de Ourique sofreu obras de remodelação para poder manter as suas portas abertas. Com a inauguração do novo Cinema Paris o seu antecessor acabaria por ser desactivado e posteriormente demolido existindo actualmente no seu lugar um prédio de seis andares.


Localização: Rua Ferreira borges nº 193

27.8.10

Cine-Teatro Éden (1937 - 1989)


 O Edifício do Cine-Teatro Éden na actualidade
 
Fachada do Cinema Éden

Interior do Éden

Palco do Cine-Teatro Éden

Planta Original da Plateia e 1º Balcão

Planta Original do 2º balcão

(Fotografias e Plantas retiradas do Arquivo Municipal de Lisboa, e do Arquivo Fotográfico da Fundação Calouste Gulbenkian)


O primeiro projecto para a construcção de um novo Éden foi apresentado em 1929 pela empresa Éden Teatro, e foi assinado por Cassiano Branco.
Cassiano executou duas outras propostas: a primeira, datada de 1930, recupera a memória oitocentista pretendendo uma articulação com a fachada do palácio adjacente; a segunda, de 1931, é um espectacular desenho modernista organizando a fachada numa sucessão de semi-cilindros com mármores e vidros.
Desentendimentos entre Cassiano e o Conde de Sucena impediram a realização deste notável projecto. O que seria finalmente executado foi apresentado à aprovação da Câmara em 16 de Junho de 1933, assinado pelo arquitecto Carlos Dias.
No entanto, apesar de possíveis influências, a obra executada nunca foi reivindicada por Cassiano como sua.
O novo Éden Teatro foi inaugurado no dia 1 de Abril de 1937, com a peça Bocage, numa cerimónia memorável presidida pelo Chefe de Estado Marechal Carmona. Com capacidade para 1554 espectadores era uma das maiores salas da época.
Após a inauguração, o novo Éden apresentaria apenas mais duas revistas. Depois converteu-se definitivamente em sala de cinema com o mérito de ser, no coração de Lisboa, uma referência ao longo de 50 anos.
Durante a Segunda Guerra Mundial o Éden foi o cinema mais concorrido de Lisboa.
Nos anos 80 o esplendor e o brilho do Éden apagaram-se. O Éden projectou o derradeiro filme no último dia do ano de 1989. "Os Deuses Devem Estar Loucos II" fecharam as portas do Éden.
Na melhor sala de cinema dos anos 30 o tempo finalmente parou. Na noite do réveillon, são poucos aqueles que vêm dar uma vista de olhos final. Mesmo assim, a notícia espalhou-se, e houve gente com menos de 20 anos a deslocar-se ao local para tirar fotos de recordação.
Na última noite de 1989, o Éden Teatro estava entregue ainda aos cuidados das mesmas gentes que lhe conheciam todos os cantos. A lágrima ao canto do olho dos funcionários e dos frequentadores assíduos, fazia prever que aquela seria uma passagem de ano diferente.
Explorado pela distribuidora Lusomundo desde 1974, o Éden sobreviveu à sua própria época.
Em 1989 o Éden foi adquirido pelo grupo Amorim, do empresário nortenho Américo Amorim, principal exportador português de cortiças.
Salvar o Éden, preservando a componente essencialmente cultural do velho edifício, foi o compromisso assumido pelo Município Lisboeta.
Este compromisso foi assumido em reunião camarária em 1991, porém, por se tratar de uma declaração de intenções, não foi formulada qualquer calendarização para o efeito.
No final dessa reunião, para a qual fora agendada uma proposta de compra do edifício pelo Município, o presidente da Câmara de Lisboa em exercício, João Soares, disse ter-se verificado “uma manifestação clara de vontade e empenhamento da CML de salvar o Éden".
Os vereadores da CML não chegaram a votar a proposta de compra do edifício aparentemente para evitar que uma quase certa rejeição baseada na falta de capacidade financeira da Câmara.
O Éden abriu portas a Cassiano Branco durante cerca de dois meses, entre Novembro de 1990 e Janeiro de 1991. O pretexto foi uma exposição, dirigida por Henrique Cayatte (um dos maiores defensores da exclusividade cultural do Éden), que questionava o futuro de um edifício carismático em vias de destruição. A exposição foi denominada: Cassiano Branco e o Éden.
A 1 de Outubro de 1996, o IPPAR considerou o edifício como Imóvel de Interesse Público.
O grupo Amorim arregaçou as mangas e começou com o processo de recuperação e remodelação do edifício.
Os arquitectos do novo Éden foram o Francês George Pencreach, e Frederico Valsassina. Desde a compra do grupo Amorim, o Éden viveu uma discussão acesa acerca do seu futuro. Desde as promessas da autarquia para um Éden exclusivamente cultural, até à hipótese do edifício vir a ser um aglomerado de escritórios. O imóvel é hoje ocupado em parte por um hotel de luxo e uma loja do cidadão onde antes chegou a existir uma Virgin Megastore.

Localização: Praça dos Restauradores nº 17

14.8.10

Foz (1914 - 1929)


Interior do Salão Foz

Aspecto do Interior do Salão Foz

(Fotografias Retiradas do Livro "Os Mais Antigos Cinemas de Lisboa")


Depois de ter sido responsável pela abertura do Salão Chiado e do Salão Central, Raúl Lopes Freire viria a inaugurar a 30 de Novembro de 1914 o Salão Foz. Tal como o seu vizinho Salão Central, estava localizado dentro do complexo do Palácio Foz nos Restauradores, do qual adoptou o nome. Era inicialmente uma sala apenas com lugares de plateia e dedicada em exclusivo ao cinema, mas devido ao número crescente de frequentadores e ao aumento da sua exigência viria a sofrer uma remodelação completa. A 6 de Outubro de 1916 reabre ao público com um assinalável aumento da capacidade dos lugares da plateia e com um novo balcão superior que circundava a sala e onde sobre um dos lados se abriam amplas janelas com vista para o pátio do palácio. A juntar a todas estas alterações a sala passava a ter um palco amplo que lhe permitia receber um leque maior de espectáculos, como representações teatrais e musicais. Desta forma a rentabilização da sala tornava-se muito maior. A 17 de Agosto de 1918 passa a ser arrendado por Arthur Emaúz que já era responsável pela gerência do Chiado Terrasse e do Salão Trindade. Sob a nova gerência o Salão Foz introduziu os espectáculos de variedades na sua programação fazendo deles o seu cartaz principal relegando para segundo plano as exibições cinematográficas, tomando as características de um verdadeiro music-hall. A 29 de Janeiro de 1929 o Salão Foz desaparece tragicamente consumido por completo por um violento incêndio.


Localização: Calçada da Glória nº 9

Salão Trindade (1909 - 1923)


Interior do Salão Trindade


(Fotografia retirada do livro "Os Mais Antigos Cinemas de Lisboa")


O Salão Trindade deve o seu nome à rua na qual se encontrava localizado tal como o teatro com o qual se encontrava paredes meias. Inaugurado em 1909, o Salão Trindade estava instalado entre duas outras salas de grade tradição: o Ginásio e o Trindade. Inicialmente destinado a um público menos exigente, viu-se forçado em 1917 a efectuar obras de modernização para continuar a prender o seu público cada vez mais exigente. Foi levada a cabo a instalação de uma nova cabine e de uma máquina de projecção mais moderna e menos ruidosa. Foram também levadas a cabo obras de remodelação da sala, tornando-a mais cómoda e elegante. Apesar das melhorias significativas o Salão Trindade acabaria por fechar durante os anos 20.

Localização: Rua Nova da Trindade

Cosmopolita (1914 - 1919)


Local onde existiu o Salão Cosmopolita

Planta do Cosmopolita


(Planta retirada do livro "Os Mais antigos Cinemas de Lisboa")

Localizado na Mouraria, o Salão Cosmopolita abriu portas em 1914. Tal como muitos dos cinemas de bairro seus contemporâneos, sobreviveu poucos anos. Os seus 510 lugares eram quase sempre ocupados em exclusivo pelos habitantes daquele bairro histórico da capital. Fechou portas sem chegar a ver nos anos 20, a idade de ouro do cinema mudo.


Localização: Rua da Mouraria

22.7.10

Coliseu (1897 - 1983)


Fachada do Coliseu dos Recreios

Interior do Coliseu

Planta do Coliseu dos Recreios


O Coliseu de Lisboa, também conhecido como Coliseu dos Recreios é sem dúvida a sala mãe do cinema em Portugal. Apesar de não ter sido concebido originalmente como sala de cinema quando foi inaugurado em 1890, foi desde 1897 em conjunto com o Real Coliseu da Rua da Palma o principal responsável pelo sucesso da 7ª arte nas suas primeiras décadas de existência no nosso país. O carácter de sala multiusos está presente desde a sua inauguração. Com os seus 2447 lugares sentados foi a maior sala do país a exibir sessões de cinema. Em concertos de música rock, circo e outro tipo de espectáculos a sua lotação máxima pode ser alargada até 5700 espectadores. A sua excelente acústica faz com que seja frequentemente escolhido para receber espectáculos de Ópera, Ballet e concertos de música ao longo do ano. Em 1918 a companhia "Lusitânia Filme" tomou conta do Coliseu fazendo das sessões de cinema a sua principal actividade. Com o encerramento da companhia e o aparecimento de um número cada vez maior de salas de cinema espalhadas pela cidade, o Coliseu retomaria alguns anos mais tarde a sua função multiusos. Com o passar das décadas o número de filmes exibidos foi reduzindo cada vez mais. As últimas sessões remontam aos anos 80. No início da década de 90 encerra para obras gerais de modernização e restauro para reabrir em 1994 a tempo de fazer parte da lista de espaços que receberam espectáculos e exposições no âmbito da atribuição do título de "Capital Europeia da Cultura" à cidade de Lisboa.

Localização: Rua das Portas de Santo Antão nº 96